Ação Extensionista: Natal Solidário | LAPRAPE

Graduandas do Curso de Pedagogia da Faculdade Novo Milênio participam da Ação Extensionista: Natal Solidário
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Por: Ariane Boone Dias, Faculdade Novo Milênio

Os relatos transcritos neste texto, decorrem das observações, reflexões e práticas vivenciadas por meio da participação da ação extensionista “Natal Solidário”, no bairro de São Torquato, realizada em 24 de dezembro de 2021.

Foi a primeira vez que o Curso de Pedagogia Novo Milênio participou do evento, mas de acordo com outros participantes, este já é realizado há anos pela Associação de Moradores local, em conjunto com alguns patrocinadores, oferecendo diferentes atividades para a comunidade local, mas, sobretudo, às crianças que vivem em vulnerabilidade social da região do bairro São Torquato e nos adjacentes como Argolas, Cobi de Baixo e Sagrada Família.

A Faculdade Novo Milênio participou da ação com atividades da área da Saúde, com os cursos de Fisioterapia e Enfermagem e, a Pedagogia marcou sua presença com as graduandas Ariane Boone Dias, Kamila Valério Souza e Célia Aparecida do Carmo, que desenvolveram interações com crianças de várias idades. Não obstante, havia um rapaz de 22 anos, aqui nomeado como Rodrigo, que esteve conosco durante toda a duração do evento, fazendo-nos refletir, concomitantemente, sobre a necessidade de ações inclusivas para as pessoas com necessidades específicas.

Na Tenda da Faculdade Novo Milênio, foram desenvolvidas atividades de colorir; desenho; manuseio de massinha de modelar; pintura com esponja e revista; pintura com lápis e aquarela. Enquanto graduandas do curso de Pedagogia, tais atividades não foram apenas técnica pela técnica, mas oportunizaram várias reflexões acerca da intencionalidade inerente à prática educativa, da importância de se contemplar o contexto histórico dos sujeitos e das diferentes subjetividades que transitam no meio social e educacional.

Portanto, expõem-se, no decorrer deste relato de experiência, as observações e reflexões procedentes das atividades desenvolvidas nesse dia. Contempla-se, consequentemente, a leitura de mundo desses sujeitos, que perpassam por esse contexto social particular e são refletidas, tanto na fala desses indivíduos, como nas atividades desempenhadas por intermédio dos materiais utilizados. Além disso, destaca-se a importância para nós, futuras professoras e pedagogas, da relação estabelecida entre a teoria, essencialmente, no que concerne a interação com esses agentes sociais.

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Para o desenvolvimento das práticas, foram disponibilizadas mesas e cadeiras para que as crianças — e o jovem Rodrigo — pudessem realizar as atividades. Não foram estipulados comandos acerca do material a ser utilizado. No entanto, ao verificar a faixa etária de algumas crianças, aplicou-se intencionalidade no que diz respeito ao fortalecimento de sua identidade subjetiva e social, por meio da confecção de autorretratos alinhados à imaginação infantil e da representação de seus familiares, ruas e espaços de sociabilidade.

Nesse sentido, a compreensão de si e do seu grupo social, foram constatados, concomitantemente, na realização do autorretrato e da representação dos entes familiares e sociais; a relação entre o “eu” expressa no retrato de si; diferenciando-se do outro, nos demais desenhos, na medida em que os denomina, de forma escrita ou verbal. Ademais, a compreensão do espaço em que vivem e agem em seu cotidiano, do micro — desde as representações de suas casas — e do macro — quando contemplam os espaços ao redor.

Diante disso, considerando que a leitura do mundo precede a escrita (FREIRE, 1987), podemos afirmar que os signos visuais expressos no papel por meio dos desenhos realizados, são uma forma de linguagem do sujeito e a externalização de sua compreensão de mundo.

Devido às reflexões provenientes da nossa participação no evento, ressalta-se que essa foi uma experiência ímpar para a nossa formação, que proporcionou a construção de práticas educativas em espaços não-escolares. Outrossim, obtivemos momentos propícios que dialogaram, respectivamente, a teoria e a prática, de modo a acrescentar na nossa identidade docente e expandir nossa visão de mundo, no que diz respeito a contemplação das diferentes subjetividades que transitam pelos espaços educacionais — formais e não-formais — suas histórias de vida, e principalmente, a necessidade de práticas educativas contextualizadas com a realidade do educando.